XVI. Prover

Tudo em mim é eco. Sou feita deste espaço vazio, de tudo o que toquei, de tudo o que vi; é isso que a minha vida é. 
Tenho a barriga vazia, os bolsos rompidos, a mente dispersa, o coração abandonado. Estou desprovida de saudades, acabaram-se os cigarros que me ajudavam a matar o tempo e ocupo-me com as emoções alheias que os livros me dão. É disso que faço as horas que passo a olhar as paredes, as riquezas das loiças de cristal, as molduras de prata, os móveis retorcidos. 
Segui a luz errada e finjo para mim mesma.

3 comentários:

Anónimo disse...

E como tu sabes bem fingir.

Alice disse...

Anómimo: sou uma poetisa.

Catarina disse...

Identifiquei-me muito com este texto.
Beijinho

http://unetulipejaune.blogspot.com

Enviar um comentário

Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.