Escrevo no caderno as gotas de chuva que não colho; semeio os bem-quereres
que não chovem.
Já passou a primavera, que te fez abotoar neles. Mas isso foi há
alguns séculos atrás, noutras vidas, noutros corpos; nos mesmos corações.
Agora, nascem os frutos. São venenosos, mortíferos, os pomos que semeei.
Mas nunca, nunca saberás que esses são os frutos com que maior
deleite saboreio, no limiar da morte, no lumiar dos teus olhos e dos nossos
braços enleados. Nunca o sonharás, nunca o meu corpo o transparecerá mais do
que o que a minha alma faz; lavada em fonte, aos teus pés prostrada.
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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.