Shakespeare foi imprudente...


Não passo de ruído. De um motim entre o aço e a pureza humana. Não sou mais do que a coroa de espinhos que Alguém carregou por mim. Obrigada, mas foi inútil.
[Se é que alguma vez o fizeste, de facto.]
Era bondade. Uma bondade sorridente. E, de repente, relampejou em mim uma ânsia de eliminar a infecção. Cortar o mal pela raiz. Derramar o sangue sujo na calçada portuguesa.
Ela, maculada, serpentearia o seu cabelo loiro, pelas raízes da Mãe.
Ele, cadavérico, seria perfeito, feérico. Seria o fim. Seria o fim dos amantes, do beijo. Seria o meu.
Estou num abismo vivo, em águas cavadas, uma prostração esgotante entre incertezas de metamorfose lunar.
Perscruto a tua face e não é minha. E isso cansa-me. Mais do que o que algumas vez possas imaginar.
Amei-te por trezentas vezes. Em formas aleatórias, em forma de A, de forma pura. São estas as artes do amor...
E toda a gente se esqueceu que antes de Juliet, existiu Rosaline. Aí me encontro.

5 comentários:

Jéssica Cardoso disse...

E antes e depois de cada uma delas, existiu amor. E talvez encontrá-lo seja a mais deambulada forma de viver...

Anónimo disse...

Muito bom!
R: Oh, obrigado :)

disse...

oh, e quantas artes tem o amor! olha, gostei muito disto aqui e fiquei muito feliz por teres gostado do meu cantinho, um beijinho:)

Maria Inês disse...

Muito obrigada, é bom saber! :) também gostei muito do teu, querida.

Cláudia disse...

muito bom!!

Enviar um comentário

Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.