Volúpia



No divino impudor da mocidade, 
Nesse êxtase pagão que vence a sorte, 
Num frémito vibrante de ansiedade, 
Dou-te o meu corpo prometido à morte! 

A nuvem que arrastou o vento norte... 
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte: 
Meus beijos de volúpia e de maldade! 
São os dedos do sol quando te abraço, 

Cravados no teu peito como lanças! 
Vão-te envolvendo em círculos dantescos 
Felinamente, em voluptuosas danças... 

A sombra entre a mentira e a verdade... 
Trago dálias vermelhas no regaço... 
E do meu corpo os leves arabescos 



Florbela Espanca, in Charneca em Flor

1 comentário:

Cláudia disse...

que lindo! adorei! ai meu deus que bonito!
ps: desculpa só responder agora linda, também gostei muito do teu blog, já sigo! :)

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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.