ave amore: II

Sento-me à tua frente. Repouso o meu olhar no teu – agora alheio – e levito. No meu sangue voam andorinhas. Chilreiam e dançam nesta alegria primaveril. Percorrem-me a pele áspera, fazendo-me girar sobre toda a tua aura. Oiço-te respirar e rezo para que me oiças viver por ti. Consegues? Não. Não repares em mim. Não me vês. Não me olhas sequer. Mas eu sei-te, sabendo que… oh! Desapareceste!
Terei de acordar agora? Preciso de te ver. Vou abrir os olhos.
Não estás aqui, definitivamente. Não cheira a limão, nem a mel – o teu cheiro. Que eu sempre soube que trarias no corpo; mesmo quando eu velava todo o meu ser, naquelas noites em que derramava suor, lágrimas… sangue. Mesmo nesses luares, eu já te sabia, sabendo que chegarias. 

Tricoto o tempo

Tricoto o tempo;
Frágeis paus de cerejas servem de fio.
Para mim,
O tempo corre,
O fio foge,
Um rio sem fim.

Alice