Hoje perdi-me de novo nas
voluptuosas torrentes de espasmos do teu ser. Senti-te tremer, de cada vez que
os meus lábios de fúchsia percorriam
a tua pele beijada pela água do abismo.
Em ti, fui ninfa. Levei-te à
perdição. Uma e outra vez. Beijei as pétalas de borboleta que te tingiam a pele
de anil e púrpura, percorri todos os esboços primorosos que delineias quando na
tua mente pintas o infinito que nunca atinges e clandestinamente deixas que o
metal acre e fino seja o teu pincel e tu a tela.
A cinzel, talhaste-me.
Fizeste-me tão graciosa a teus olhos, como se nos meus cabelos nascessem todos
os sóis, como se no meu ventre houvesse jardins de flores brancas, como se os
meus seios fossem botões de rosas frescas em que, deliciosamente, te deleitas pela manhã.
Não me deste cor. Disseste que eu
era perfeita assim: de alabastro, translúcida, dócil. Quase virginal.
Assim, arruinar-me-ias quando as tuas unhas riscassem de fogo a minha pele. Essa seria a tua mais perfeita expressão de vaidade e prazer. Essa seria eu. Assim, poderíamos fundir
a palidez de almas que já não existem, senão, quando a arte carnal e a luxúria
infinda nos consomem e nos levam à exaustão… uma e outra vez…
3 comentários:
A imagem por de trás do título está especialmente boa.
Quase virginal são as tuas palavras .
e com isto rendi-me à tua escrita
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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.