Ainda te recordas da dança frenética das folhas dos eucaliptos compassada pela queda da chuva? Da opacidade que nos preenchia e desembaraçava os demónios em nós?
E se caísses mal? Bem, se caísses mal, forçar-me-ias a ir contigo porque nunca a tua dor foi feita de algodão e o fio de sangue que jorrava de ti não era de seda. E tu, melhor que ninguém, sabe-o. Tu, que tombaste das nuvens e agora vagueias como o anjo caído das histórias míticas e seculares, não és, senão, a minha história mítica, aquilo que será sempre a minha fantasia, da magia taciturna  das noites de morrinha.
E perdes-te na erva húmida e os teus cabelos em espiral, desalinhados, confundem-se com a confusão que os fios de lã cinzenta de emoções são em mim.
E eu e a minha lógica arquitectónica padecemos porque, logicamente, quebraste as barreiras de todas as possibilidades e trouxeste o contraditório.
E esqueceste-te de nós. Desprezaste a loucura nocturna que fomos, e o infinito que varreste para a perdição levou consigo a recente descoberta de um sentimento por inventar.
Ah! Se te odeio! É este malquerer que me consome, porque, inconscientemente, fazes-me querer por ti.

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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.