O mundo inteiro é um borrão. Deixaste as tintas de lado. Já nem sequer usas o mais fino dos pincéis para delinear as curvas dos meus seios. Vou acomodar-me fora da minha concha; dentro do teu desconhecido e deixar que o arame farpado se delicie na minha pele nua, cevando-se da minha alma e do meu sangue, que nem chega a ser derramado no chão.
Há electricidade no ar, no teu toque, na tua Alice. Não naquela que levaste a passear na noite dos icebergs, dos pingentes de gelo, da neve glacial, das folhas queimadas no chão. Essa, guardaste-a tão bem, às escuras, que nem ela se consegue encontrar. Essa tua menina do cachecol branco já não faz arco-íris, já não se refresca nas gotas de chuva, já não brinca nas quentes chamas de fogo.

4 comentários:

Jéssica Cardoso disse...

e a alice devia encontrar-se. no escuro e na flacidez da vida. a alice tem de existir e tem de borrar a tela quantas vezes quiser.

CS disse...

Sou..

flávia disse...

entendo bem quando falas no desejo , na electricidade ... mas brinca nas chamas de fogo Alice , só aí se é feliz .

Lúcia disse...

disseste tudo com esse comentário, descreveste um lado bem real da escrita :)
e olha...faz com que a Alice volte a brincar nas "quentes chamas de fogo" :)

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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.