Os dedos escorrem pelo braço, trinando sons negros na guitarra. A caixa ecoa a infelicidade e geme, baixinho. A guitarra chora.
Os dedos escorrem cegos pela escala, suam o metal. Ao violino, dói-lhe a alma. E os violinos têm mesmo uma alma.
Nos dedos, escorrem, ímpios, rios de vida... mortos. A impureza foi eliminada a sangue frio, como tem de ser, impiedosa como a luz do sol ao incidir na lupa com que os miúdos queimam formigas nas tardes de verão.