Sento-me à
tua frente. Repouso o meu olhar no teu – agora alheio – e levito. No meu sangue
voam andorinhas. Chilreiam e dançam nesta alegria primaveril. Percorrem-me a
pele áspera, fazendo-me girar sobre toda a tua aura. Oiço-te respirar e rezo
para que me oiças viver por ti. Consegues? Não. Não repares em mim. Não me vês.
Não me olhas sequer. Mas eu sei-te, sabendo que… oh! Desapareceste!
…
Terei de
acordar agora? Preciso de te ver. Vou abrir os olhos.
Não estás
aqui, definitivamente. Não cheira a limão, nem a mel – o teu cheiro. Que eu
sempre soube que trarias no corpo; mesmo quando eu velava todo o meu ser,
naquelas noites em que derramava suor, lágrimas… sangue. Mesmo nesses luares,
eu já te sabia, sabendo que chegarias.