Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou
de nada:
Cansaço assim mesmo,
ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das
sensações inúteis,
As paixões violentas
por coisa nenhuma,
Os amores intensos por
o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta
nelas eternamente —;
Tudo isso faz um
cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame
o infinito,
Há sem dúvida quem
deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não
queira nada —
Três tipos de
idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo
infinitamente o finito,
Porque eu desejo
impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou
um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder
ser...
E o resultado?
Para eles a vida
vivida ou sonhada,
Para eles o sonho
sonhado ou vivido,
Para eles a média
entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande,
um profundo,
E, ah com que
felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo
cansaço,
Íssimno, íssimo,
íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos, in Poemas
5 comentários:
Álvaro de Campos*** Adoro!
R.: E provei :) também gostei muito mas, o sushi deixou-me muito mais encantada :)
Está lindo o blog, Alice!
i love you, sweet alice <3
Adoro o Campos, é o meu preferido dos três heterónimos lecionados! :)
r: Obrigada linda!
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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.