…São tantas as coisas que fluem.
São enfermos os pensamentos soltos que me assolam, já no conforto da
cama. E as dores temporais são, ainda que efémeras, jardins murchos, que o vento
bate nas janelas e revolve as luas, molhando-as e secando a sua essência.
E onde habitava, outrora, o auxílio, nascem ervas daninhas: abafam os amores-perfeitos,
os bem-me-queres, os girassóis. Mas os sóis já morreram também.
E quando o luar beija o parapeito da minha janela, fere-o. Fere-o
porque não lhe é permitido, pela lei purgatorial, que haja luz para os descomungados.
Ou assim me foi ensinado.
Então, há que esquecer as memórias, refazer as contas e reescrever as
linhas! Há que libertar o peito e a mente da miséria mundana, dar pão à alma e
sossegar as pernas! Porque o tempo urge, com ou sem Purgatório.
E as coisas que me assolam os pensamentos, quando o luar beija o meu peito,
são, na sua grande maioria, as tão fadadas dores inventadas e mal sentidas...
Mas resta uma flor no jardim, de caule fraco, pétalas raras: duas luas
e dois estigmas: pra nos lembrar que o amor é uma doença, quando nele julgamos ver a nossa cura!
3 comentários:
o amor pode muito bem ser tudo aquilo que tu dizes.
não sei se já ouviste a "ana", dos pixies. é só a tradução disto, acho.
em resposta ao comentário no meu sítio, tem a ver com uma interpretação muito pessoal da música, penso eu. Por um lado, tens a letra, que me recorda sempre uma nostalgia dilacerante, agridoce. Uma imagem do amor que apodreceu. Ainda que sem o lado leve que aqui brevemente se nota.
"She's my fave/ Undressing in the sun/ Return to sea, bye/ Forgetting everyone/Eleven high/Ride a wave."
Por outro, os acordes dissonantes que personificam essa dicotomia, esse "doença/cura" que os Ornatos, mais precisamente o Manel Cruz, tão bem ilustra.
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Quando lia contos de fadas, eu imaginava que aquelas coisas nunca aconteciam, e agora cá estou no meio de uma! Deveria haver um livro escrito sobre mim, ah isso deveria! E quando for grande, vou escrever um...
L.C.